“Toda cidade tem sua alma e o que a distingui, mais do que as suas ruas, é o seu modo de viver, de exprimir, de manifestar à presença de uma ação coletiva”. (JK)
A palavra “Unaí” que designa o nome do município é um anagrama feito a partir da palavra Tupi-Guarani “iuna”, nome dado pelos índios ao rio que corta a região, cujo significado é Água-Escura. Essa foi a solução dadas pelos antigos moradores da região para evitar confusão com nomes de outras cidades da região, que já havia utilizado o temor, com o caso de Rio Preto.
Unaí é um município do estado de Minas Gerais, fundada em 1873 com a denominação de Rio Preto e, em 1943 foi elevado a cidade e seu nome mudada para Unaí.
Nasceu como nasceram todos os povoados do século passado. Nasceu pela força dos valentes pioneiros, cresce pelos impulsos dos batalhadores do presente. Nasceu fortalecida pelas lideranças e ideais concretizados em páginas inesquecíveis, no refluir de mil lembranças. Sobre o presente, pairam as saudades do tempo extinto.
Capim Branco, uma fazendo que contribuiu para a formação de uma comunidade. Hoje, uma cidade em pleno desenvolvimento, considerada celeiro de Brasília. Um povo alegre e hospitaleiro, consciente das suas responsabilidades. Um punhado de sonhos mortos, distantes reminiscências. Um eclodir de realidade positivas no presente. Uma esperança a florir no futuro.
Houve um tempo em que somente o silêncio comandava essas vastidões e opulentas terras. Houve um tempo em que somente ausências perdidas guardaram em seu seio nostalgias irreversíveis.
Nesse grande pedaço de terra, homens corajosos iniciaram o comércio ao longo do porto do distrito do Rio Preto. Ali mesmo, estava a sinuosa estrada carreira que ia dar à cidade de Paracatu. Picadas abertas entras as fechadas brenhas levavam os peregrinos a outros lugares. Porto do Rio Preto, distrito do Rio Preto, arraial, vila Capim Branco, nomes que o antigo povoado recebeu.
Unaí, grandes planícies, vastas terras cultivadas, enriquecendo e embelezando a região, recanto abençoado por Deus.
Desde o ano de 1650, já haviam transitado por essa região, muitos aventureiros que andavam vasculhando o ouro e outras preciosidades. Desde os mais remotos tempos eram os índios os senhores absolutos das matas e das águas dessas paragens. Muitas tribos permaneceram por anos e anos. Outras, de rápida passagem, tomaram diversos rumos além.
Os irmão Manuel e Antônio Pinto Brochado, no século XIX, vindos do arraial de São Domingos (Paracatu), chegaram a esta terra e adquiriram a fazenda Capim Branco. Em torno dela, começaram a surgir algumas casinholas construídas por pessoas que, aos poucos e timidamente, foram se aproximando.
Mais tarde, Domingos Pinto Brochado, com a colaboração das primeiras famílias do lugar, responsabilizou-se pelas construções exigidas pela Lei Provincial 1993, de 13 de novembro de 1873, (igreja decente e casa de escola), para que o distrito fosse instalado. Tornou-se conhecido pelas suas iniciativas: igreja, cemitério, escola e da primeira ponte sobre o rio Preto.
Nasceram pequeninas ruas. Brotaram mais casas. Retalharam a terra para formação d enovas fazendas. Formou-se o arraial de costumes simples, onde todos eram unidos e se queriam de verdade. Hoje, dentro de cada um de nós, apenas fragmentados de saudades daquele viver despreocupado e feliz. Naquele tempo, o ar estava sempre cheirando a flores de murta, de cajueiro ou de mangueira. Havia um terreno que levava ao caminho do ribeirão de Santa Rita.
Tombaram as árvores em holocausto ao deus do progresso. Nas poucas e pequeninas casas em ruínas, alojaram-se fugidas lembranças. Tudo foi modificando-se ao embalo da evolução. De sequência em sequência, as inovações tomaram vulto, as moradias, outro aspecto. O tempo passou e Unaí, finalmente, vestiu as roupagens de cidade. Quem passa agora pela Avenida Governado Valadares, está indo ao encontro do progresso com seus mil ruídos e o seu intenso movimento. A Rua Juvêncio Correio é um dos últimos redutos do alegre e antigo povoado. Morreram as cercas vivas que coloriam os quintais, separando-os uns dos outros. A poesia do passado tornou-se uma nova realidade. O panorama do município cresce, transforma-se e evolui em ritmo acelerado. É o trabalho do homem mudando as coisas, edificando.
A sede, como suas construções, é uma variação de cenários bonitos, ruas agigantando-se em todas as direções. A semente outrora lançada em seu solo pelos pioneiros cresceu em participações frutificou em integração.
Unaí, te, sim senhor aa sua história bonita para contar. E contada por quem a ama, torna-se uma poesia saída do coração, cheia de saudades, onde as pessoas se misturam aos fatos, onde os fatos se misturam aos lugares, onde os lugares estão misturados nas vidas de todos os cidadãos unaienses que aqui viveram e vivem.
Fonte: Maria Torres Gonçalves (Saga: Hunay de Ontem e Unaí de Hoje – 2.ª Edição – Ver. E Com. – Uberlândia: Editora Regência: Arte editora 2017.)